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A Magia de uma Gira de Umbanda

Das celebrações religiosas, a Gira de Umbanda é uma das mais alegres e festivas. As danças, os pontos cantados, as palmas, o atabaque batendo como grande coração do terreiro, o aroma inconfundível do defumador e tantos outros elementos fazem daquela atividade religiosa um espetáculo de sentimentos e emoções.


Embora tenha um horário determinado por cada Casa para dar início, uma Gira não começa apenas no tempo de nossos relógios. Todos os trabalhadores envolvidos, encarnados ou não, se preparam antes.


Além dos preceitos, que variam de um terreiro para o outro, a espiritualidade inicia o trabalho no ambiente com toda a antecedência necessária.


Comumente, durante o sono físico – em desdobramento – os trabalhadores da Gira recebem orientações e auxílio do plano astral para realizarem suas tarefas ainda mais fortalecidos.


Iniciada a Gira, os consulentes são fraternalmente recebidos pelos guias e mentores presentes, através dos medianeiros, auxiliados pelos cambones que dão todo amparo ao atendimento.


É, sem sombra de dúvidas, uma experiência linda quando um Preto Velho abraça carinhosamente um irmão com coração angustiado, quando uma cabocla seca as lágrimas de uma irmã que sofre, quando um Exu faz renascer a esperança no peito de alguém que lhe procura. Conforta o coração de quem vê cada pessoa sair daquele encontro mais leve, mais esperançosa, mais conectada.


O trabalho mediúnico, porém, é apenas um dentre tantos outros que acontecem numa atividade religiosa de Umbanda. E nem se pretende o mais importante.


Aos olhos da Providência Divina, não existe tarefa menor ou maior. Todas são essenciais e fundamentais para que a caridade aconteça de forma amorosa e incessante.


É possível medir o efeito de um sorriso sincero no coração do consulente envergonhado que recebe a ficha de atendimento quando entra no terreiro pela primeira vez? Como mensurar o quão acolhida se sente a mãe que, acompanhada de seus filhos pequenos, recebe uma ajuda necessária e inesperada?


E só quem já pôde sentir a gratidão de um corpo cansado que recebe uma cadeira para recostar-se, entende o tamanho e a importância de cada função dentro de uma Casa de atendimento espiritual.


Os médiuns em desenvolvimento têm um papel de extrema relevância durante a Gira. Não apenas para si, quando aprendem ao acompanhar os mais experientes e também ao afinar a intimidade com seus guias e entidades. Mas principalmente para o grupo, com a manutenção do pensamento altivo, o acompanhamento aos cânticos, a energia de suas mãos batendo no compasso e as orações individuais no coração de cada um.


Todas essas ações são colaborações indispensáveis à espiritualidade que comanda aquela atividade.


Quando cada integrante do terreiro compreende o seu papel e o seu valor, estabelece-se uma corrente energética de vibração altíssima, em uma comunhão sagrada que espalha o bem de uma maneira inimaginável.


Aqueles que tem a felicidade de enxergar para além dos limites da visão física, confirmam que no plano espiritual, o encanto é ainda maior. O amor irradia em cores que o cérebro humano desconhece e pulsa de forma tão intensa que consegue envolver e renovar até mesmo os pensamentos dos espíritos que lá chegaram com intenção de atacar ou atrapalhar a sessão.


Portanto, ao ir trabalhar em uma sessão de caridade da Umbanda, não se importe com o que você irá fazer àquele dia. Entregue-se de coração, ciente de que a sua contribuição é fundamental, sem deixar-se dominar por nenhum tipo de vaidade.


Tereza de Calcutá, famosa por seu amor incondicional e sua devoção à caridade, dizia a cada um que lhe ofertava ajuda: Você pode ser apenas uma gota no oceano, mas o oceano não seria o mesmo sem você nele.


Abrace esse mar de energia que é a Gira e navegue pelo caminho que nos leva ao crescimento. O único caminho possível, o caminho do amor.


Rapha Conceição

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