Caboclo não tem caminhos para caminhar
Ele caminha por cima das folhas
Por baixo das folhas,
Por todo lugar.
Okê, Caboclo!
De onde vem a força de um caboclo? Onde está a sua alma destemida de guerreiro e caçador? A força e a alma dessa entidade de luz está no verde das matas e com elas, o que de mais puro e genuíno a mãe natureza pode nos oferecer - as plantas, as flores, os frutos, os animais.
A vibração espiritual das matas está sob a regência do Orixá Oxóssi, “ o caçador de uma flecha só”, mais conhecido como “o Rei das Matas”.
Ele nos inspira a ter sempre uma visão abundante e positiva da vida. Representa a luta incessante pelo nosso sustento, com obstinação e força de vontade, características próprias de um bom caçador, que sabe esperar com serenidade o momento certo de avançar ou recuar. Com sua ferramenta, o arco e flecha, nos aponta a melhor direção em busca do alvo certo em nossos caminhos. Para Oxóssi, a busca pelo conhecimento e pelo frequente aprendizado são essenciais para uma vida de progresso e fartura.
Junto à vibração de Oxóssi, temos a linha dos caboclos. A palavra caboclo vem do tupi kareuóka, que significa da cor de cobre, acobreado.
Eles carregam a energia de grandes curandeiros, procurando sempre na mata e em seus elementos a melhor maneira de estabelecer os processos naturais de proteção, limpeza e cura espirituais. Com igual sabedoria, nos ensinam a amar, respeitar e a viver em harmonia com a natureza e os seres vivos.
Importante ressaltar que os caboclos estão presentes na UMBANDA desde o início, quando o CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS, incorporado pelo médium ZÉLIO FERNANDINO DE MORAIS, orientou espiritualmente a fundação da UMBANDA, em 15 de novembro de 1908 – em Neves na Cidade de Niterói. Uma religião genuinamente brasileira.
Como outros trabalhadores do astral, os caboclos vêm em terra para prestar a caridade com grande sabedoria e humildade, sempre nos guiando pelos ensinamentos de nosso Pai Oxalá.
É muito comum os caboclos e as caboclas se apresentarem, respectivamente, na irradiação do orixá masculino e do orixá feminino da coroa do médium. Embora a personalidade se dê pela junção de sua origem, especialidade e irradiação que os regem, todos os caboclos convergem para a energia vibratória do Orixá Oxóssi, sendo muitos deles escolhidos, também, para serem os guias-chefes dos médiuns umbandistas.
Nos terreiros, a presença desses trabalhadores é muito marcante. Com uma roupagem indígena, eles chegam vigorosos, com os assobios e brados bem característicos. Alguns se movimentam bastante, dançando ao som ritmado dos atabaques. Outros posicionam-se como arqueiros, vigilantes a tudo e a todos. O semblante sério e compenetrado traduz o rigor e a conduta disciplinada e responsável perante seus médiuns e consulentes.
Como mantras, os fortes brados dos caboclos funcionam como verdadeiras descargas elétricas no ambiente e nas pessoas, contribuindo para a fluidez energética de ambos. Entre um passo e outro no terreiro, eles também estalam os dedos, um gesto bem peculiar dessa falange. Esse estalar de dedos se dá sobre o monte de vênus (a parte mais alta e gordinha da palma da mão) e tem como principal função ativar corretamente a frequência do corpo astral, liberando-o de energias negativas.
Não só os índios fazem parte da falange dos caboclos. Nela também há os boiadeiros, cada um com suas características vibracionais e finalidades de trabalho. Mesmo regidos por Oxóssi, sabemos que esses caboclos recebem também a vibração de outros orixás. Listamos alguns dos principais nomes de caboclos com os seus orixás vibracionais:
Caboclos de Ogum: Beira-Mar, Caboclo da Mata, Rompe-Mato, Tamoio, entre outros.
Caboclos de Xangô: Caramuru, Cobra-Coral, Caboclo do Sol, Sete Montanhas, Urubatão, entre outros
Caboclos de Oxóssi: Caboclo da Lua, Aimoré, Pena Branca, Pena Verde, Sete Flechas, Tupinambá, entre outros.
Caboclos de Omulu: Arranca-Toco, Bugre, Gira-Mundo, Roxo, Ventania, entre outros
Caboclas de Iansã: Jurema, Potira, Jussara, Bartira, Poti, entre outras.
Caboclas de Oxum: Iracema, Jupira, Juruena, Estrela da Manhã, entre outras.
Caboclas de Iemanjá: Cabocla da Praia, Janaína, Jandira, Jacira, entre outras.
Caboclas de Nanã: Juraci, Luana, Juçanã, Inaíra, entre outras.
Finda a gira no terreiro, eles se despedem, um a um, deixando o axé dos seus charutos, a força do seu brado e a esperança de uma palavra amiga.
Salve Oxóssi!
Okê Arô!
Cindolelê auê Gauisa!